sábado, 25 de junho de 2011

O massacre dos trabalhadores na Usina Estrelina

O massacre dos trabalhadores na Usina Estrelina, fato ocorrido em 1963. fonte: BEZERRA, Gregório. Memórias (Segunda parte: 1946-1969). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1979. p. 173-4.O documentário a seguir revelar a real situação da opressão dos Trabalhadores de Ribeirão, veja: Ao apagar das luzes do Governo Cid Sampaio, o Sr. José Lopes da Siqueira Santos, dono da usina Estreliana, junto com seus capangas, matou covardemente cinco camponeses indefesos, dentro de sua usina. Isso porque os cinco trabalhadores agrícolas foram pedir ao patrão o pagamento da diferença salarial, que ao tinha recebido. O facínora José Lopes perguntou a um homem do grupo quem os chefiava: este respondeu que não tinha chefe e que tinha ido pedir o pagamento porque seus filhos estavam com fome, precisavam comer um “feijãozinho”. Como resposta, recebeu uma rajada de metralhadora, disparada pelo dono da usina. O camponês foi atingido pela frente e caiu de costas, aos pés do seu matador; os quatro restantes foram fuzilados pelas costas, ao tentarem fugir. Não escapou nenhum. Estavam desarmados: alguns possuíam apenas quicés de picar fumo de rolo. Esse massacre bárbaro de assalariados agrícolas continua impune até hoje e serviu de escola para assassinatos e ferimentos graves em dezenas de camponeses pobres, durante o ano de 1963 entre os estados de Pernambuco e Paraíba. “Nessa época, eu me achava girando pelas zonas do agreste e do sertão do estado”. Voltei ao Recife para ir a Ribeirão, onde se dera o massacre dos cinco camponeses desarmados. As autoridades fizeram um arremedo de inquérito, só para inglês ver, e tudo ficou na mesma. Esse bárbaro crime serviu para despertar a unidade dos camponeses pobres e dos assalariados agrícolas. “Desgraçadamente, alguns meses após a posse de Miguel Arraes, o administrador e os pistoleiros da usina Caxangá, de propriedade do Sr. Júlio Maranhão, mataram o delegado sindical do município de Ribeirão e feriram gravemente o seu companheiro”. O usineiro providenciou imediatamente um caixão rústico, improvisado, e mandou enterrar a vítima no pátio de sua usina. Os operários da usina e os trabalhadores agrícolas da mesma, que já se achavam em greve há quase dez dias, revoltados com o covarde assassinato, desenterraram o corpo do irmão tombado na luta e levaram para a sede do sindicato rural, onde lhe deram um caixão decente e velaram seu corpo toda a noite. Sepultaram-no ao dia seguinte no cemitério local, com a presença de milhares de camponeses e da maioria da população da cidade. Houve muitos discursos, inclusive um discurso meu, condenando a onda de assassinatos de camponeses, praticados por usineiros ou a mando destes. O enterro foi precedido de uma grande agitação e concentração de camponeses no pátio da usina Caxangá, onde concitamos a massa a sindicalizar-se, concentrando-se cada vez mais nos sindicatos rurais, não só para a defesa de seus interesses, mas também para revidar a matança de camponeses pelos usineiros e seus capangas.OUTRAS FONTES: “Em 7 de janeiro de 1963, faltando três semanas para o governador eleito de Pernambuco, Miguel Arraes, assumir o cargo, cinco trabalhadores rurais da Usina Estreliana, em Ribeirão, foram reivindicar o pagamento do 13º salário e nunca mais voltaram. Quatro eram da mesma família: Ernesto Batista do Nascimento e o filho, João, e os irmãos Israel e Zacarias Batista do Nascimento. O quinto: Antonio Soares de Farias. Foram todos mortos, a tiros, pelas costas. No livro O caso eu conto como o caso foi , 1º volume, o autor, Paulo Cavalcanti, diz que eles foram "metralhados pelo usineiro José Lopes de Siqueira Santos e seus capangas". E acrescenta: "Na base de inquérito feito pelo célebre delegado Romildo Leite, a Justiça absolveu por fim os covardes e frios matadores de Ribeirão".

Nenhum comentário:

Postar um comentário